Fundada em 2018, a Chão Editora trabalha na interseção entre literatura e história, com o objetivo de colocar o leitor em contato com textos e documentos que representam diferentes modos de viver e pensar, em especial do Brasil do século XVIII ao início do século XX.
A literatura ficcional, inédita ou não, que retrate usos e costumes do passado e que hoje possa ser percebida como documento histórico, também fará parte de seu catálogo. É o caso do romance Fantina: cenas da escravidão, de F. C. Duarte Badaró. Publicada originalmente em 1881, a obra ambientada nas fazendas escravistas do século XIX é uma importante reflexão acerca Brasil atual, em que diversas questões civilizatórias colocadas pela luta contra a escravidão estão novamente em pauta.
No posfácio à edição, o historiador Sidney Chalhoub (Harvard/Unicamp) analisa o papel que a literatura desempenhou no movimento abolicionista brasileiro e mostra a naturalização do abuso sexual dos senhores sobre suas escravas, para o qual a lei não previa nenhuma punição. Citando o historiador: “Então e agora, mentes e corpos de mulheres negras movem estruturas e despertam reações contrárias violentas. Ao mesmo tempo, exigem de todos nós a ousadia de imaginar e realizar um outro futuro em liberdade”.
Lançamentos:
Em São Paulo, o evento acontece na Livraria da Vila da Fradique Coutinho, no dia 18 de dezembro, às 19h, e conta com bate-papo entre Chalhoub e Lilia Schwarcz (USP).
No Rio, Chalhoub conversará com Keila Grinberg (Unirio), na Livraria Leonardo da Vinci, no dia 16, a partir das 18h. O tema de ambos os encontros será literatura, escravidão e atualidade.
O historiador Sidney Chalhoub